terça-feira, 6 de setembro de 2011

O domínio chinês chega ao segmento de energia solar‏

O domínio chinês chega ao segmento de energia solar
Em vez de subsidiar a compra de painéis solares, como fizeram os Estados Unidos e as União Europeia, a China se concentrou dar mais competitividade às empresas do país
05 de setembro de 2011 | 0h 00

Keith Bradsher, The New York Times - O Estado de S.Paulo

HONG KONG

Os pedidos de concordata de três empresas americanas de energia solar no mês passado, entre eles o da Solyndra, da Califórnia (EUA), anunciado na última quarta feira, deixaram a indústria chinesa numa posição dominante no setor. O país concentra hoje quase 60% da produção mundial, graças a seus custos altamente competitivos.

Algumas empresas americanas, japonesas e europeias de energia solar ainda têm vantagem tecnológica sobre as rivais chinesas - no custo, porém, elas não conseguem mais competir. Empréstimos a juros baixos concedidos por bancos estatais e terrenos baratos oferecidos pelo governo deixam o negócio cada vez mais competitivo na China.

"As empresas chinesas se tornaram referência para o setor", disse Shayle Kann, diretor de estudos em energia solar da GTM Research. Os preços são hoje ditados pela China - os demais tentam se diferenciar de alguma forma, sem se distanciar muito do valor oferecido pelos líderes.

Hoje, somente duas empresas americanas se mantém saudáveis. Uma delas é a First Solar, de grande porte, que tem sua maior instalação de painéis na Malásia. Já a Sun Power, que trabalha em um nicho específico, tem tecnologia bastante eficiente, embora a custos relativamente altos. No entanto, nenhuma delas parece fazer frente ao apoio de Pequim às concorrentes chinesas.

"Não há dúvida que as empresas de energia renovável dos Estados Unidos se sentem pressionadas pela China", disse David B. Sandalow, secretário para políticas e assuntos internacionais do Departamento de Energia dos EUA. As três maiores empresas de energia solar da China - Suntech Power, Yingli Green Energy e Trina Solar - cresceram entre 33% e 63% no segundo trimestre, em relação a 2010. Os resultados se refletiram em fortes altas nas bolsas.

O preço dos painéis solares caiu entre 30% e 42% por kilowatt/hora no último ano, à medida que os fabricantes aumentaram sua capacidade, especialmente na China. Com a crise nos Estados Unidos e na Europa, porém, a energia solar ainda enfrenta dificuldade para se estabelecer no quesito custo, especialmente em relação à energia gerada a partir do carvão.

Estratégias. Os Estados Unidos e a União Europeia tentaram criar demanda pela energia solar por meio do subsídio aos compradores de painéis solares. Mas, com frequência, este dinheiro tem sido usado para comprar painéis chineses.

O governo chinês tem promovido uma política diferente. Em vez de subsidiar a compra e o uso da energia solar, a China se concentrou em tornar suas empresas mais competitivas. Como resultado, a China exporta 95% dos painéis solares que produz.

O sindicato norte-americano United Steelworkers deu entrada em uma queixa ao governo americano, pedindo que a administração Barack Obama investigue os subsídios da China à energia limpa, na tentativa de dar origem a uma reclamação formal perante a Organização Mundial do Comércio (OMC). / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALILH

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-dominio-chines-chega-ao-segmento-de-energia-solar,768510,0.htm

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