GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A CAMAÇARI (BA)
ENVIADO ESPECIAL A CAMAÇARI (BA)
Erguer paredes com resíduos petroquímicos e transformar compostos de enxofre descartados em insumo nobre para a indústria de cosméticos. Esses são exemplos do que se pretende fazer no Cita (Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental), inaugurado nesta quinta-feira (25) no polo de Camaçari (BA).
Trata-se de uma aposta da Cetrel, empresa que trata efluentes e monitora o meio ambiente do complexo industrial, localizado a 50 km de Salvador.
Uma equipe de técnicos tem a missão de descobrir processos que agreguem valor comercial ao material descartado pelos clientes industriais.
A unidade, que recebeu investimentos de R$ 15 milhões da Cetrel, já desenvolve projetos para reaproveitar resíduos plásticos, metálicos, e compostos de enxofre descartados.
Os três devem ter plantas-piloto em funcionamento até o próximo ano e receberão financiamento de R$ 90 milhões do Finep, empresa do Ministério da Ciência e Tecnologia que fomenta a inovação.
No caso dos resíduos petroquímicos, o Cita desenvolveu tecnologia para produzir "madeira plástica" a partir da mistura com fibra de celulose.
O processo transformará em material de construção civil cerca de mil toneladas mensais de resina descartada pela Braskem, indústria petroquímica controlada pelo Grupo Odebrecht. A fibra de celulose virá de outra indústria instalada no polo de Camaçari.
"Resolvemos o problema da Braskem e produzimos uma material mais barato que a 'madeira plástica' feita nos EUA. Acreditamos que é possível absorver 0,5% do mercado brasileiro de madeiras, que alcança R$ 28 bilhões", diz Alexandre Machado, responsável pelo desenvolvimento e inovação em produtos.
PATENTES
Até o momento, o Cita já solicitou quatro registros de patentes e pretende apresentar outros dez nos próximos meses.
Para o diretor-presidente da Cetrel, Ney Silva, o centro representa a mudança de estratégia da empresa, que foi criada há 33 anos para "destruir resíduos" e descartar aquilo que poderia ser absorvido pela natureza.
"Mudamos a rota. A ideia é que todo o resíduo se transforme em nova matéria-prima. Desenvolvemos [os processos] em laboratório, fazemos a planta-piloto, patenteamos e depois vamos licenciar a tecnologia para alguém operar [e produzir em maior escala]", diz .
A Cetrel, que investirá de 7% a 10% de seu faturamento no novo centro, também desenvolve um projeto paralelo para produzir bioenergia a partir de resíduos do processamento da cana-de-açúcar, como a vinhaça e o bagaço.
A ideia da empresa é se tornar parceira de usinas de todo o Brasil. Uma planta-piloto já foi instalada na Paraíba e outra deve ser montada em Pernambuco.
"O propósito é gerar biogás, para depois transformá-lo em energia elétrica, o que é um passo muito curto e de baixo investimento", diz o diretor-presidente.
GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A CAMAÇARI (BA)
Fonte: Folha UOL.com
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